Abro espaço em meu blog para entrevistar meus amigos que vivem intensamente metal igual eu. É uma forma de poder homenagear grandes amigos que fiz ao longo desses 15 anos curtindo Heavy Metal e nada mais justo fazer algo para fortalecer ainda mais a cena do Metal Tatuiana e poder mostrar um pouco mais o dia a dia de como é ser Headbanger nesse País. A primeira entrevista é com uma pessoa polêmica na cidade, tem uma personalidade forte, muitas pessoas tem inveja dele outras o odeiam. Esse é meu amigo Ricardo Menezes.
1 - Quais são os motivos que levou a muita gente não gosta de você aqui na cidade de Tatuí?
Você poderia me dizer?
Esse já é um antigo problema, mas que vem diminuindo com o passar do tempo. Começou há muito tempo, com brigas bestas por motivos idiotas. Por causa de estilo de som,
visual, amizades tortas. Por não conviver muito com o pessoal nas ruas, bares e tal, alguns me consideram como "falso". Que não curto som. Por ser um cara mais fechado e
reservado, não tenho costume de ficar muito em lugares públicos. Tive minha fase de moleque que vivia por aí, bebendo e tal (e quem não teve? Alguns tem isso até hoje),
mas com o passar do tempo, algumas coisas foram mudando para mim. E aquele estilo de vida foi perdendo um pouco a graça pra mim.
Eu tenho um lance de não curtir muito esse negócio de "irmão". Que muita gente vem trocar idéia com você (ainda mais depois de algum show), querendo ser seu amigão e uma
semana depois, já nem lembra quem você é. Então, essa história de ficar distribuindo sorrisos e simpatia pra todo lado não é muito comigo.
Educação é uma coisa. Falsidade já passa dos limites pra mim. Então, por ter um pensamento um pouco mais "radical", digamos assim, muita gente não gosta de mim aqui na cidade.
Mas foram muitas coisas que aconteceram na minha vida (inclusive com muitos "irmãos" do black metal, recentemente com mais um idiota desses) que me fizeram pegar realmente certo
desgosto em ter qualquer um que veste uma jaqueta/colete com patchs de bandas, como amigo. Até por causa de namorada, acredite se quiser.
E apesar de ser um pouco mais tranquilo com relação a isso, hoje em dia, ainda não consigo ter esse modo de viver. Simplesmente, não funciona pra mim.
2 - Sabemos que você passou algumas épocas escutando gothic, outras black metal, depressive entre outras. Qual a sua fase atual?
Acho que no momento, estou na fase mais eclética da minha vida. Eu ando escutando muita sonzera diferente. O Gothic eu ouço pouquíssimo hoje em dia. E não por desprezo ou por
achar ruim. Mas não se encaixa mais no meu cotidiano, nos meus pensamentos. Meu player tem em torno de umas 10 mil músicas. Boto no aleatório e vou variando muito. No entanto,
um estilo, que é novo para mim, tem se destacado muito, chamado Shoegaze. Provavelmente, muitos já devem ter conhecimento sobre o estilo, mas para quem não conhece, vou dar um
exemplo bastante conhecido: Alcest. Shoegaze trabalha uma linha de música muito suave, geralmente com violões, guitarras limpas, sempre retratando alguma perda, alguma dor muito
grande, isolamento e sentimentos do tipo. Porém, não me restrinjo a um estilo. Gosto de ouvir de tudo, para pegar diferentes influências. Até trilhas sonoras de alguns jogos, gosto
muito de ouvir. Trilhas sonoras de filmes. Depois de muita coisa pelas quais passei, conhecendo a fundo o que é estar na pior, voltei de tudo isso com uma mente bem mais ampla e aberta
para estilos musicais. Prefiro não me rotular como black, death, trash ou coisa alguma. Minha fase atual, é conhecimento. E tem sido, de todas, a que mais tenho desfrutado, pois tenho
conhecido MUITA coisa nova e me tem feito muito bem.
3 - Qual a sua opinião sobre o Satanismo?
Satanismo, é como qualquer outra religião. Tem seus momentos para cultuar, suas "regras", deveres e toda essa putaria das religiões. Quando bem mais novo, me interessava muito pelo
tema e pelo satanismo mesmo em si. Inclusive, na minha fase mais Black Metal (tempinho foda do capeta) buscava muito a respeito. Porém, assim como eu nunca me enquadrei em ficar
seguindo ordens, tendo que fazer isso e aquilo, em função de agradar um "Deus" nas igrejas, também não tive saco pra ficar nessa com o Satanismo.
Se me perguntam pra que lado eu vou: pra cima ou pra baixo, facilmente lhes digo que eu PENDO para baixo. rs Mas não faço disso a coisa mais importante na minha vida. Faço meu caminho,
sempre tomando as decisões que julgo corretas e melhores. E acho que é o mais certo a se fazer. Pois tem tanto idiota com uma bíblia debaixo do braço, indo pra igreja em domingo, mas
que hora ou outra, vai ali no bar encher a cara, vai dar uma puladinha de cerca com a vizinha baranga, ou no pior dos casos, vai lá e mata uma pessoa.
Exemplo muito simples disso tudo, é eu e meu irmão. O cara virou cazaca de religião, até estacionar como Testemunha de Jeová. Meu, o cara seguindo toda essa doutrina religiosa e tal faz
muito mais merda na vida e no trabalho, do que eu, seguindo o que eu julgo correto, fazendo de mim, meu próprio Deus. Que acredito que todo ser humano deveria pensar de uma maneira
parecida. Assim como qualquer outra religião, quando a pessoa se torna fanática, vira um porre. Satanismo é igual.
4 - Você é um dos melhores bateristas de Tatuí, gostaria de saber desde quando você toca e quais foram as suas influências?
Primeiro de tudo, fico realmente lisonjeado, muito embora não me considere nada disso. Temos vários outros grandes talentos na cidade, com os quais eu aprendo muito até hoje. Mas é uma honra.
Eu toco bateria desde que tinha 11 anos. "Ganhei" o primeiro kit da minha vida (digo "ganhei", porque uns anos depois paguei tudo que foi gasto) quando tinha 11 anos. Meu interesse pelo
instrumento já vinha de muito tempo atrás. Desde que estudei piano no conservatório aqui de Tatuí com 7 anos de idade. Chegou um ponto que simplesmente apertar as teclas do piano já não
resolvia mais pra mim. E comecei a querer bater nelas. rs Mas foi uma batalha pra conseguir esse kit, que por sinal, era um bem vagabundo de tudo, mas foi o pontapé inicial. Tive que
conversar, convencer, chantagear e tomar muito toco do meu pai pra ele finalmente comprar pra mim. Meu irmão queria tocar baixo, e ganhou o baixo e cubo. Meu pais quis tocar saxofone, foi lá
e comprou o sax. Só eu queria tocar bateria e não tinha o instrumento. Esse foi um dos argumentos mais fortes que usei e que deu muito certo. hehehehe Depois disso, fui eu mesmo me virando
com a bateria e as bandas.
Influências como baterista é algo bastante complicado de dizer. Porque peguei de influência tudo que eu ouvi no começo disso tudo, da minha "vida musical". Porque até então, eu só curtia.
A partir do momento que comecei a FAZER também, mudou muita coisa. Que eu me lembro de ter ouvido muito naquele tempo, foi Therion (o album Theli), Krisiun (sempre, né), Necromancia (a única
música que tinha deles, gravado numa fita VHS, porque não tinha esse acesso fácil pra conseguir mais material da banda), Samael (album Ceremony Of Opposities), Pantera (qualquer som deles),
uma banda argentina chamada Horcas (Muerto en la calle, lembro até hoje o nome da música) e claro, assim como para muitos, foi para mim também: Metallica. Lembro de ver aquele Lars tocando
e não ficando quieto no banco da bateria e eu ficava maluco também! Até que hoje em dia, quando toco, também não consigo ficar muito quieto no banco da batera. rs
Que eu posso dizer que me influenciaram lá no começo, acho que são essas bandas. Com o passar do tempo, muitas novas bandas surgiram para mim. Algumas novas bandas para mim, que de novas
não tinham nada. Fui conhecendo aos poucos. Você, assim como muitos sabem, apesar de ter ouvido muito, não tomo como influência os grandes nomes do metal, tal como Iron Maiden, Kreator,
Testament, Judas Priest, Saxon, Accept, entre outros. Apesar de respeitar e MUITO, nunca foram grandes influências para mim. Sempre procurei coisas diferentes. Fora do que as massas gostam.
E acho que esse também foi mais um motivo que se encaixaria na primeira pergunta desta entrevista.
E aproveitando que estamos falando disso, gostaria de deixar só uma mensagem:
"Other bands play... Manowar is gay!" Sim, eu DETESTO Manowar. Pra mim, um monte de homem de calça de couro, com a bunda de fora e que se intitulam "Kings of metal", não presta.
5 - Quais bandas você ja tocou e toca hoje em dia?
Será que eu lembro de todas?
Começando há 12 anos atrás (em ordem cronológica):
One Way: Heavy Metal
Anorexia (essa nunca teve um nome definitivo): Somente covers dos clássicos do Heavy Metal
Asgard Spirits: uma banda que começou por todos serem amigos, e quase acabou em pancadaria rs, banda cover também
synchrony Seven: idéia de fazer covers de Lacrimosa entre outras bandas diferentes, mas o repertório acabou sendo o mesmo das outras bandas que já tinha tido
Overture: Power/Melodic Metal (apesar de odiar o estilo, aceitei o desafio, mas durou muito pouco)
Soturnia: Heavy Metal (essa banda me marcou muito)
Thy Blasphemy: Black Metal (um dos momentos mais fodas que já vivenciei)
Imopectore: Gothic Metal
Taenarius: Black Metal
VodkaJoe: Covers dos clássicos do Rock (Atual)
Pethallian: Heavy Gothic Metal (mais pra Heavy do que Gothic) (Atual)
E uma que tenho desde o início disso tudo, que se chamava Satan's Guide. Um projeto solo que eu tenho há anos, com 1 cd gravado. Recentemente, foi trocado de nome para: Soul's Guide.
6 - Algumas de suas atitutes na vida são baseadas pelo seu sentimento?
Posso dizer que a maioria das minhas atitudes são baseadas pelo meu sentimento. Apesar de hoje em dia tratar minhas atitudes com mais frieza e vendo com mais razão e menos emoção.
Eu costumo dizer que tenho um coração de poeta. Tudo que é bom, é ótimo. E tudo que é ruim, é péssimo. Os sentimentos amplificam tudo que se passa. E em certos momentos, torna-se impossível
não trazer isso pro dia-a-dia. Ouvindo uma música que me dá vontade de sumir e me isolar, ou alguma que me dá muita força. Isso sempre acaba influenciando na minha vida.
7 - Sabemos que você toca em uma banda chamada VODKAJOE de Rock/Pop. Existe algum preconceito por você fazer parte dessa banda dos seus inimigos e até amigos?
Com certeza, sim. O pessoal do VodkaJoe são meus amigos há muito tempo. Muito tempo mesmo. Mas, como é de praxe aqui em Tatuí as pessoas quererem cuidar da vida dos outros, sempre teve aqueles
que ficam com esses papinhos idiotas por eu tocar numa banda de Rock/Pop. Amigos não ligam muito. Só tiram sarro, por eu ser um cara totalmente Metal, cabeludo, com tatuagem e só ouvir as porradas
que ninguém da banda gosta. Eu já dei muita bola pra esses comentários idiotas dessas pessoas. Mas hoje em dia, não dou a mínima. Subo lá no palco, faço minha parte bem feita, curto com meus
amigos e já era.
Até festa de casamento nós temos tocado ultimamente. O Metal é algo que eu nunca vou abandonar. Jamais! Mas tocar ganhando bem, comer e beber a vontade e DE GRAÇA... ah, vale a pena tocar os
pops, em vista de que tocar o som que gosto de fazer, só dá prejuízo. E mesmo assim, continuo. Com prejuízo ou sem. É a minha verdade. É o que eu sou. E isso eu nunca vou abandonar. Não importa
o quanto a outra opção me dê mais conforto e tranquilidade.
8 - Voce concorda que tem que tocar outros estilo para ganhar dinheiro?
Concordo que é VERDADE. Mas não que é CORRETO. Pois, apesar do cenário Metal no Brasil estar crescendo cada vez mais, ainda é lamentável a situação que muitas bandas tem que passar. Principalmente
nas cidades interioranas.
O que eu vejo é um monte de gente querendo "curtir", mas não querendo ajudar. Um monte de gente querendo encher a cara, e não realmente curtir um festival, um show. Isso é triste.
9 - Ja pensou em viver de banda?
Quem não gostaria? Até quem não toca instrumento algum, adoraria viver aquele sonho americano de viver de banda. Ganhar muita grana, fazer muitos shows, ter as gatinhas aos pés, dar autógrafos e
todos os luxos dessa vida. Só que eles não sabem do duro danado que você tem que dar para viver disso. Ainda mais, vivendo aqui no Brasil. Não sabem que as vezes, você pode até ficar sem ter o que
comer! Do quão podre é por trás da glória e da fama. E principalmente, e isso conta muito pra mim, o fato da coisa que eu mais amo, que é música, se tornar trabalho. Obrigação. E a partir do momento
que vira TRABALHO, deixa de ter aquela magia e prazer em faze-lo. Então, eu até gostaria sim de fazer vários shows, turnês e tudo mais. Mas não sei se valeria a pena, por ter que conviver com todo
o lado podre e nojento da indústria da música.
10 - O que você acha da cena tatuiana de Metal?
Bom, sou meio suspeito para falar, pois não visito muito os lugares onde o pessoal se reúne ou se encontra por aqui. Pra mim, Tatuí é um pouco dividido. Tem grupinhos aqui e ali, que não se juntam
com o outro restante. Talvez agora me odeiem mais ainda, mas é a verdade que vejo da cidade onde moramos. O que eu vejo aqui da cena, é muita gente que confunde as coisas. Confunde curtir som com
fazer merda. Tem gente que veste uma camisa de banda e não sabe nada a respeito dela. Dar importância para isso é algo que eu já abominei. Mas em tratando-se da cena de uma cidade, isso é algo que
faz diferença. Eu já vivenciei cenas de gente mais velha que eu, cantando alguma música perto de mim, mas sem se quer saber a letra. Querendo mostrar que sabe do som, mas não sabe de verdade. O que
eu acho errado, pois se você não conhece, tudo bem. Ninguém nasce sabendo tudo. Mas me irrita gente que não sabe do que se trata o negócio, e quer pagar de foda pra cima dos outros. Já tive o
imenso prazer de zoar um idiota que veio querer me intimar de uma camisa de banda de black metal. Mas detalhe: a banda era minha. Nunca vou esquecer da cara do babaca chegando em mim e falando:
"Dahora, hein! Que que você curte deles?"
Isso sem contar algo que é muito comum por aqui, que é a pessoa na sua frente te cumprimentar, se fazer de seu amigo, mas virando as costas, te ataca, fala mal de você,
de sua banda e por ai vaí. Isso destrói minha esperança nesta cidade, infelizmente.
Lógico que tem muitos por aqui que eu sei que vivem isso e lutam por esse ideal em comum.
Junior (Jr Tekken Lord), Marcão, Camilo, Fernandão, você mesmo (Barba), Loiz, Rafael Monteiro, Marcelo Almeida, isso falando dos que eu conheço. Me arrisco a dizer que CENA MESMO, não tem aqui.
Existem as pessoas. Mas cena... não.
11 - Você trabalha como Despachante e seu visual gera receio por parte do publico que vai ao seu estabelecimento. Como as pessoas reagem quando te veem? o Seu visual alguma vez atrapalhou o seu serviço?
Hoje em dia, até se assustam, mas é mais com a altura e com o tamanho do meu cabelo. rs Mas eu já tive sérios problemas com o meu visual em questão de trabalho. Porque antes eu pesava muito no meu
visual. Anéis, correntes, coturno, até as unhas eu pintava. Então, acabava ficando uma coisa realmente forçada pro trabalho. E apesar de ter passado por muita descriminação a respeito disso, não
foi isso que me fez parar de abusar tanto. Foi minha própria percepção de que não tava certo. E desde então, não tive mais problemas, pois não me visto mais como antigamente. Pelo menos, não pra
ir trabalhar. rs
12 - Qual a sua opinião sobre TRABALHO/VISUAL?
Essa é uma questão que já discuti muito, e hoje em dia, tenho uma opinião um tanto quanto fechada a respeito: trabalho é trabalho. Não importa qual seja a sua "tribo", uniforme de trabalho é
uniforme. Não dá pra ficar indo que nem Priscila a Rainha do Deserto no trabalho. Não é lugar pra isso. Se meu cabelo comprido já incomoda alguns, embora eu ache isso uma babaquice, imagine então
você estar todo vestido pra guerra, trabalhando num hospital? Aqui no meu caso, é escritório. E tratando-se de uma cidadezinha tão interiorana, com habitantes tão sitiantes, não dá. Trabalho é
trabalho.
13 - Quais suas bandas preferidas?
Tem tanta banda que eu gosto. Que eu destaco entre tantas. É difícil dizer uma favorita. Eu arrisco dizer aqui uma: Xasthur. One-man-band de Los Angeles, formada por Malefic (Scott Connor). Uma
das MAIORES e PRINCIPAIS influências pra eu seguir em frente com meu projeto solo. A sonoridade que Malefic criava (sim, criava, pois ele encerrou o projeto em Junho de 2010) sempre me envolveu
de uma certa forma, que é inexplicável. Desde os primeiros albuns, que é praticamente impossível de se entender qualquer nota tocada, até o último album, que não tem uma guitarra com distorção.
Além de tudo, Malefic inseriu linhas de violoncelo em algumas faixas. E eu sempre adorei violoncelo, tanto que fiz aula e sei tocar um pouco. Então, Xasthur para mim, posso dizer, é uma das
minhas bandas preferidas.
14 - Quais bandas voce chamaria para um festival?
Bandas nacionais: Korzus, Krisiun, Claustrofobia, Torture Squad e Vulture (porque esses caras tão fazendo por merecer o lugar deles!!!)
Bandas internacionais: Dismember, Entombed, Bloodbath, Illdisposed e Behemoth. Pensando num festival bem PORRADA.
15 - Um ídolo:
Olha, passei um dia inteiro pensando em quem eu considero um ídolo para mim, e percebi que realmente, não tenho um ÍDOLO. Não só em relação ao Metal, mas no geral. Acho que tem pessoas que
são importantes e fazem muita diferença. Mas eu sou um tanto quanto contra idolatria. A partir do momento que você idolatra alguém, você o considera mais que você. E eu acho que ninguém
deve se sentir menos que alguém. Somos todos seres humanos. Nascemos, crescemos, aprendemos, vivemos e morremos no final.
Mas um exemplo bastante simples, para mim, é Nergal (Adam Darski), vocalista e guitarrista da banda Behemoth. Além de ótimo músico e escritor, um verdadeiro gênio, é também um grande guerreiro,
que recentemente venceu uma doença grave, a Leucemia. E já tá voltando a fazer show com a banda. Ele é um dos seres humanos que admiro. Mas ídolo, não.
16 - Uma música:
Xasthur - Soul Abduction Ceremony. Até hoje, lembro quando estava em SP, gravando a demo do Thy Blasphemy. Estava na cozinha comendo alguma coisa com Zé Pedro, baixista do Carpatus, sua mulher
e o guitarrista do Thy Blasphemy, Felipe (a banda consistia em apenas nós dois). Lá de fundo, eu ouvi uma música tocando. Mas foi uma coisa tão diferente que senti ao ouvir aquilo. Então, sai
caçando a origem daquela música. E no fundo da casa, no quarto deles, estava tocando num rádio esse som. Foi quando conheci Xasthur. A sonoridade dessa música me fez sentir totalmente vazio,
isolado em algum lugar longe de tudo e todos, atormentado, com todas trevas possíveis e imagináveis dentro de mim. Aquilo me deixou completamente aturdido. E desde então, toda vez que ouço
essa música (agora mesmo estou ouvindo), é uma sensação única, que só Malefic conseguia criar.
17 - Uma paixão:
Só pode falar uma? rs Bom, eu diria a música. Mas isso é algo tão óbvio, então vou falar de algo diferente.
Liberdade. E não digo na questão de liberdade de namoro ou coisa do tipo. Muito pelo contrário, nesse ponto, sou bastante antigo. Mas liberdade que digo, é de ser livre para ir onde eu quiser.
Fazer o que eu quiser. Obviamente, dentro dos parâmetros em que considero correto. Andar por lugares diferentes, ouvir os sons que eu quiser, escrever sobre qualquer assunto ou mesmo compor
o estilo de som que eu quiser. Ser livre das correntes da mente humana, que a sociedade impõe sobre todas as pessoas. Livre para sentar e ficar quieto no meu canto, ou puxar assunto sobre
seja lá o que for. Livre para respirar tranquilo, livre para ir e voltar sem precisar das satisfações. Independente de estar morando com alguém, namorando alguém, esperando alguém ou alguém
me esperando. Liberdade, que tem até um pouco a ver com meu signo, Aquário. É uma paixão na minha vida, pois é graças a ela que ultimamente, tenho feito coisas maravilhosas, incríveis. E que
se não fosse por ela, nada disso estaria acontecendo.
18 - O que você acha do Metal Moderno de Hoje em dia?
Sou um pouco suspeito para falar, porque eu gosto de muita coisa moderna. Não New Metal, mas METAL moderno mesmo. Acho que tem muita banda, com muito potêncial e idéias inovadoras. Muita coisa
boa que a gente pode tirar muito proveito. Mas o problema é que tem banda DEMAIS! E só existem hoje em dia, bandas que são descartáveis. Que as pessoas conhecem, começam a ouvir e logo trocam
para outra banda. E por já não ter mais o que inventar, surgem umas bandas com uma sonoridade bizarra. Quer um exemplo? PSYOPUS. Ouçam e vão entender do que estou falando. Eu simplesmente não
entendo como tem gente que GOSTA disso. É escroto demais.
Mas com relação ao metal moderno, tem muita coisa boa, que inclusive, eu gosto muito! Disturbed (que não é TÃO moderno, vem de 2000) é uma delas. Acho que é mais na questão de albuns novos.
Porque em geral, bandas que eu gosto, não são recentes. Já tem um certo tempo de estrada, mas os albuns novos que surgem por aí, eu gosto. Tem muita coisa boa. Mas infelizmente, isso gera
novas coisas extremamente inúteis.
19 - Você gosta ou ja ouviu White Metal?
White Metal é uma coisa absurda hoje em dia. Porque tem banda de White Metal fazendo MAIS barulho que Cannibal Corpse ou Krisiun! Betraying The Martyrs é um exemplo disso. Quer mais que isso,
um exemplo da nossa terra, o Ofina G3. Tem tanta coisa arregaçadora! E muitos já me recriminaram por ouvir. E eu digo: ouço mesmo. Independente da religiosidade ou da idéia religiosa do som,
a musicalidade que algumas bandas fazem, é incrivelmente foda. Virgin Black é um ótimo exemplo disso, que eu realmente gosto. Illuminandi. Mas também não é o estilo de som que eu MAIS ouço.
Tenho uma coisa ou outra. E admiro. Mas... ah, enche o saco, né? rs Você SENTE na musica a energia White Metal que querem passar, e acaba meio que me repelindo. Acho que tenho mesmo um
pézinho no inferno.
20 - Obrigado pela entrevista e esse espaço agora é todo seu para falar o que quiser:
Foi uma enorme honra pra mim fazer parte deste blog, que, assim como todos os trabalhos que o dono deste, é de muito respeito. Foi algo realmente gratificante para mim, e agradeço muito
pela oportunidade. As pessoas daqui tem uma imagem muito errada de mim, e quem continua tendo, não faz diferença. Quem realmente é importante, inteligente e sabe não julgar o livro pela capa,
está comigo e vai continuar.
E nunca deixe que te digam o que é certo. Faça o que é certo PRA VOCÊ! Tenha voz. Sempre.
Valeu!
Contatos de Ricardo Menezes:
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